Informativo Digital de Trás-os-Montes e Alto Douro

Um poço (quase) sem fundo

Este caso mais recente de homicídio de um agente da nossa segurança e ordem pública nada tem de novo, sendo que se percebe o pleno mau funcionamento da globalidade das estruturas do Estado, que tudo vão tolerando, sempre na base de uma compreensão ampla da dúvida que sempre pode surgir quando se tentam reconstituir os acontecimentos passados.

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Num destes dias recentes teve lugar o homicídio de um guarda da PSP, em condições já hoje deveras conhecidas. Sem que possa dar sobre o meu pressentimento uma explicação, mesmo que mínima, a verdade é que tenho dificuldade em acreditar que uma punição adequada venha a ter lugar.

Talvez que a causa desta minha perceção se deva ao facto de possuir hoje o Sistema de Justiça uma muito má imagem, criada por via de casos os mais diversos. Por exemplo: que é feito do processo de Arlindo Carvalho; e em que pé se encontra o do homicídio de Rosalina Ribeiro; ou o dos submarinos, mas ao nosso nível; ou o da reação política em face do que se conhece hoje sobre Os mandantes do atentado de Camarate; etc.?

Este caso mais recente de homicídio de um agente da nossa segurança e ordem pública nada tem de novo, sendo que se percebe o pleno mau funcionamento da globalidade das estruturas do Estado, que tudo vão tolerando, sempre na base de uma compreensão ampla da dúvida que sempre pode surgir quando se tentam reconstituir os acontecimentos passados.
O que se passa hoje em Portugal nada tem a ver, de um modo unívoco, com o atual Governo, ou com os dois anteriores, mas com uma errada cultura sobre o apuramento das responsabilidades em causa. Para lá de tudo andar devagar, seja pela natureza do funcionamento do Sistema de Justiça, seja por limitações diversas, implantou-se uma prática que procura sempre uma explicação garantida do que possa ter-se passado. E como tal nunca é possível de um modo cabal, o que se faz é seguir o caminho mais beneficiador do suposto prevaricador.

Se este caso não foi, infelizmente, o primeiro, não será também, garantidamente, o último. E se desta vez foi um guarda da PSP, não faltam casos passados com médicos, enfermeiros, professores e trabalhadores os mais diversos. É um domínio em que a grande comunicação social vem falhando e desde há muito. De um modo geral, triunfa o sensacionalismo, mesmo que marcado por atos de violência fortes, perigosos ou mortais.

Por fim, formulo votos por que a liderança da PSP acompanhe, sem tergiversações, os cuidados que se irão impor à família do corajoso guarda assassinado, mormente mulher e filhos, se estes já existirem. E também que a nossa Marinha, agora sob o comando superior de Henrique de Gouveia e Melo, afaste quem, porventura, há muito deveria ter sido colocado de lado.

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