Projeto para promover a resiliência aos fogos florestais no Interior de Portugal em fase de aprovação
Desenvolvido pela Universidade de Harvard. Criadora do projeto esteve em Arganil e Lisboa para apresentar resultados e conclusões do projeto que visa redesenhar as paisagens ardidas nos incêndios de 2017. Iniciativa envolve agentes locais, autarquia e Governo.
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A arquiteta paisagista e professora na Universidade de Harvard que desenvolveu o projeto ‘Canary in the Mine’, Sílvia Benedito, confirmou, no rescaldo da série de eventos destinados a apresentar a iniciativa, que “algumas das ideias e dos conceitos” propostos no projeto foram aprovados, depois de uma candidatura submetida pelo município de Arganil, no âmbito do Programa ‘Condomínios de Aldeia’.
O projeto nasce a partir das conclusões retiradas dos fogos florestais que ocorreram em Portugal no ano de 2017 pela mão da professora de Harvard, que analisou a relação paisagem-ecologia do fogo e desafiou um conjunto de alunos da Universidade a focaram-se no conjunto das Aldeias do distrito de Arganil, ao longo dos Baldios desta região. Os alunos apresentaram 11 projetos, explorando potenciais cenários de desenvolvimento económico, numa região caracterizada por uma longa historia de eventos píricos.
Sem poder adiantar mais pormenores, uma vez que a candidatura está ainda em fase de contratação, Sílvia Benedito caraterizou este resultado como um exemplo de como as entidades nacionais e locais em Portugal podem “explorar os projetos” contidos no Canary in the Mine.
Este é o primeiro passo para que algumas das propostas apresentadas no âmbito do projeto promovido em conjunto pela Universidade de Harvard e a Câmara Municipal de Arganil, comecem a ser implementadas no terreno.
Entre os dias 9 e 11 deste mês, o projeto foi apresentado em Arganil e Lisboa, com o lançamento de um livro, inauguração de uma exposição e realização de debates e workshops. Em jeito de conclusão, a professora de Harvard comenta: “creio que atingimos os objetivos. Em Arganil, porque conseguimos envolver os agentes locais, a autarquia local e o Governo. Em Lisboa, porque conseguimos fazer uma discussão em torno das alternativas sobre como redesenhar estas paisagens”, resumiu.
Foi no evento de Lisboa, no Instituto Superior de Agronomia, que o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, defendeu a utilidade de aproveitar e aprovar as propostas desta iniciativa, sugerindo para tal os projetos-piloto e as Áreas Integradas de Gestão da Paisagem.
No entanto, o conjunto de projetos está ainda numa fase preliminar de apresentação. “Estes eventos serviram sobretudo como um “prelúdio para futuras discussões e mostrar as possibilidades” para o “desenvolvimento destas regiões”.
Entre os projetos, Sílvia Benedito destaca os dois que motivaram a presença em Portugal dos estudantes que os desenvolveram. O “Distrito do Fogo” podia “ser implementado já amanhã”, caraterizando a iniciativa como a “introdução do conceito do fogo cultural”. Explicando de outra forma, significa “associar a práticas ancestrais, que os pastores usavam antes,” a capacidade “regeneradora” do fogo, ao mesmo tempo que se criavam eventos como um Festival do Fogo, envolvendo as câmaras, os compartes e com potencial de atrair pessoas ao território.
Já a “Província do Rosmaninho” propõe a “plantação deste tipo de pastos” que “são resilientes ao fogo” e estimulam a economia local através de uma matéria com aplicação na indústria da cosmética e medicina. Já para não falar no “impacto estético” que traria a estes territórios florestais.
Este evento segue a linha de iniciativas similares, organizadas com o intuito de partilhar experiências e conhecer propostas baseadas no conhecimento etno-antropológico.
O projeto Canary in the Mine estimula os decisores a olhar para soluções mais abrangentes que tenham em conta o impacto no terreno do desenho de faixas de gestão combustível, a relevância do mosaico e diversidade de espécies e a importância de uma gestão ativa sustentável, baseada nas capacidades locais e para as comunidades locais. Ao mesmo tempo, desafia os intervenientes a reavaliar as atuais iniciativas em curso por forma a procurar formas de sinergia entre os Programas ‘Aldeia Segura Pessoas Seguras’ e ‘Condomínios da Aldeia’.
Resta agora aproveitar e avaliar os resultados das 11 iniciativas planeadas para as aldeias afetadas pelos fogos de 2017.
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