Projecto de investigação sobre vivências artísticas no Interior a decorrer em Vila Real
O projecto conta com o apoio da Direção-Geral das Artes e produção da Ver Imperfeito, uma associação cultural sediada em Lisboa. Tem ainda as colaborações da Filandorra – Teatro do Nordeste, Teatro de Vila Real e a companhia de teatro Urze.
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Uma longa reflexão sobre a interioridade geográfica e a identidade territorial através das artes performativas é a proposta de trabalho que o actor, dramaturgo e encenador Carlos Alves está a realizar desde Julho na região de Vila Real. Esta pesquisa reúne várias colaborações e apoios e terá diferentes iniciativas de acesso público ao longo do primeiro semestre de 2023.
O projecto conta com o apoio da Direção-Geral das Artes e produção da Ver Imperfeito, uma associação cultural sediada em Lisboa. Tem ainda as colaborações da Filandorra – Teatro do Nordeste, Teatro de Vila Real e a companhia de teatro Urze.
Centrado na experimentação cénica e dramatúrgica, todo este processo pretende estudar, conhecer e compreender a realidade das vivências artísticas e culturais nesta região do interior do país, procurando desmistificar ideias feitas e aprofundar o pensamento sobre o que acontece longe dos grandes centros urbanos. De acordo com o autor deste trabalho, “o centralismo é uma questão em Portugal e ela é muito premente quando falamos de Artes e Cultura”. “Não estamos propriamente à procura de receitas para acabar com o centralismo, o que pretendemos é ouvir a voz das pessoas que diariamente fazem a Cultura acontecer em sítios que não são Lisboa nem o Porto”.
É nessa auscultação que entra o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido entre o autor e encenador e as actrizes Helena Vital, Bibiana Mota e Débora Ribeiro. Do encontro entre os quatro resultará uma proposta cénica e dramatúrgica que parte de matéria autobiográfica para falar sobre ligação ao território e às comunidades, bem como as decisões entre ficar, partir e voltar.
Uma segunda iniciativa que tem vindo a ser desenvolvida em paralelo é a realização de um documentário em que participam diversas pessoas ligadas à criação, produção, promoção e divulgação artística na região do nordeste transmontano. Mais uma vez se pretende ouvir a realidade de quem vive e trabalha na região no sector das actividades culturais e artísticas, identificar os rostos do presente e, de certa forma, pensar heranças do passado. Redundante será dizer que tudo isto é feito com uma perspectiva de futuro, de um pensamento que fica para a memória de amanhã.
O projecto terminará com a edição de um livro em que se reunirão conclusões sobre todo este processo, se fará a história do mesmo e se apresentarão os caminhos para onde a investigação conduziu. “Interessa-me que esse livro faça uma memória do que foram estes meses de trabalho e as descobertas a que ele me conduziu. Mas também que ele possa acrescentar algum saber no que toca a esta região e às coisas que aqui se fazem no plano das artes performativas. Quando se inicia uma investigação como esta, parte-se com uma série de objectivos mas, ao longo do tempo, abrem-se novas linhas que importa seguir. Surge-me como muito necessário escrever sobre tudo isso e apresentar isso às pessoas”, adianta Carlos Alves.
Sobre o autor
Carlos Alves é natural de Alijó (distrito de Vila Real) mas exerce a maior parte da sua actividade profissional em Lisboa. É Mestre em Teatro – especialização em Artes Performativas, pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Iniciou o percurso profissional no Teatro em 2006. Concluiu a Licenciatura em Comunicação Social, em 2008. Integrou a Companhia do Teatro Ibérico entre 2008 e 2010. Mantém um trabalho regular de criação teatral, entre escrita, encenação, interpretação e produção. Recebeu a Bolsa de Criação Literária da DGLAB em 2020. Em 2021, com o texto 13 de Maio recebeu o Prémio PLATTA de teatro breve, tendo o texto sido traduzido para Galego e Castelhano.
É autor do projecto de investigação “Artistas da Emergência – um arquivo da memória presente sobre as novas gerações do Teatro português”, com o apoio da DG Artes.
Para o Centro Cultural de Belém criou, em 2019 e em colaboração com outros artistas, os espectáculos “Romeu e Julieta Sem Destino” e “Entre Flores e Batalhas”. Também nesse ano levou a cabo as primeiras apresentações do espectáculo “Suriya”. Ainda em 2019, encenou “Uma Questão de Tempo”, peça de Jaime Salazar Sampaio.
Das criações anteriores destacam-se “A Última Peça de Simon Smith” (com Bárbara Água), “Carolina”, “Os Nossos Vizinhos Dormem Cá em Casa”, “Caídas em Desgraça”, “Romeu e Julieta – A Revolta” e “Direito ao Assunto” (espectáculo criado para o extinto Teatro Rápido, em Lisboa). “Camarim”, em co-autoria com Ana Campaniço, foi o seu primeiro texto levado a cena, bem como a sua estreia na encenação, em 2014. Estes espectáculos tiveram apresentações em Lisboa, em grande parte no Teatro Turim, e noutros locais do país, como São Miguel, Ponte de Lima e Setúbal.
Também exerce funções como professor, em disciplinas da área do Teatro, nas Escola Secundária de Camões (Lisboa) e Escola Secundária de Santa Maria (Sintra).
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