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Prejuízos do mau tempo em Macedo ascendem a 230 mil euros e destruíram algumas culturas

Perdas nas culturas de hortícolas ultrapassam os 90% e nos cereais foram totais. Cortiços foi a freguesia mais afetada pela tempestade.

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Os prejuízos causados pela tempestade que se abateu sobre o concelho de Macedo de Cavaleiros, no início do mês, já se encontram contabilizados e ascendem aos 230 mil euros. Cortiços foi a freguesia mais afetada pelo temporal, tendo ainda sido registadas, nas várias freguesias afetadas, perdas totais no cultivo de cereais na ordem dos 90% nas hortícolas.

Os declives em que se encontram as aldeias, associados à forte queda de chuva e granizo, contribuíram para um cenário de destruição. Ao longo das duas últimas semanas, os técnicos da Divisão de Ambiente e Serviços Urbanos e do EDRU – Gabinete de Empreendedorismo e Desenvolvimento Rural de Macedo de Cavaleiros estiveram nas localidades afetadas a fim de efetuar o levantamento das situações. No caso do domínio público, explica o vereador Paulo Rogão, que tem a seu cargo o Pelouro da Proteção Civil, “os danos foram muito significativos, uma vez que o declive da aldeia de Cortiços contribuiu para uma enxurrada que arrancou o pavimento, em cubos de granito, e arrastou sinais de trânsito, mobiliário urbano e derrubou muros e guardas de proteção das vias públicas”.

Adicionalmente, segundo o relatório final dos serviços da autarquia, verifica-se a necessidade de proceder à substituição da rede de evacuação de águas pluviais, pois ficou muito danificada, face ao volume e à força com que correram as águas. Também a ETAR de Cortiços foi muito afetada com a tempestade, levando à necessidade de intervenção para repor todo o seu normal funcionamento.

“Entre os inúmeros trabalhos que precisam de ser feitos, contabilizamos uma verba na ordem dos 223 mil euros só no que diz respeito aos estragos causados em equipamentos do domínio público”, sustenta o vereador da Proteção Civil

Igualmente preocupantes, sustenta Paulo Rogão, “são os estragos ao nível das culturas agrícolas, não só para esta colheita, mas também o futuro”. Segundo o levantamento feito pelo EDRU, na cultura do olival verificaram-se consequências nefastas quer ao nível do arrastamento de terras quer a nível da produção, que se estima ter sido afetada em cerca de 30%. Um cenário ainda mais gravoso no caso das hortícolas, com perdas de 90% e não existindo qualquer possibilidade de recuperação, com a agravante de não poderem ser repostas pelos processos de sementeira e plantação. Dramático é o caso dos cereais, onde as perdas são totais, pois por se encontrarem quebrados e envoltos em terra não será possível o seu corte e debulha.

Nas verificações efetuadas no terreno pelos técnicos, estima-se que as áreas afetadas rondem os 10 hectares no caso das hortícolas, 13 hectares de olival, oito no milho, três hectares de cereais afetados e quatro hectares de vinha e lameiros.

Paulo Rogão mostra-se ainda preocupado com o futuro nestas aldeias. “A destruição da estrutura do solo causada pela chuva intensa fez danos irreparáveis e afetarão as culturas futuras, além de que a perda permanente das camadas superficiais leva à redução da produtividade, depreciação da terra, perda de nutrientes e matéria orgânica”, particularmente nas freguesias de maior declive. Em contrapartida, nas aldeias de terrenos mais planos, como é o caso de Limãos, os solos saturados de água e com os poros preenchidos o oxigénio não circula, o que diminui o crescimento das raízes, podendo levar à sua morte.

Perante este cenário, e com base no trabalho desenvolvido pelos técnicos da câmara, o Executivo Municipal sugere a realização de ações de sensibilização junto dos agricultores para a alteração de algumas práticas culturais com vista à conservação do solo, e para a limpeza e manutenção de linhas de água naturais. Além disso, sustenta o vereador Paulo Rogão, “serão contactadas a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, para que sejam encontrados mecanismos para apoiar as explorações agrícolas, a nível local, para além do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), bem como apoiar pela quebra nas produções futuras”.

“É o futuro destas pessoas que está em causa pois, muitas vezes, o cultivo da terra é a base do sustento financeiro da família”, refere o vereador Paulo Rogão. Que recorda ainda que “muitas destas pessoas têm a sua horta de onde retiram a produção para os alimentos do dia-a-dia”.

O levantamento feito pela autarquia, conclui, já foi enviado à Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes, que o remeterá também às entidades competentes.

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Fonte desta notícia: Município de Macedo de Cavaleiros