Ponta de Lança
O PS de António Costa que se cuide, tal como o Bloco de Esquerda, o PCP, o Livre e o PAN, ou a Direita alargada do modo mais conveniente chegará ao poder, pondo um fim em quanto possa cheirar à Revolução de 25 de Abril.
Se dúvidas ainda pudessem existir, o lançamento de ontem do livro de Luís Rosa, ao redor da ação do antigo Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, que não foi reconduzido no cargo pelo Governo de António Costa, mostrou o auditório onde decorreu a sessão do lançamento como uma fabulosa piscina da Direita portuguesa. Era, objetivamente, a Direita em peso, onde até se encontrava presente Fernando Teixeira dos Santos, que foi quem nomeou Carlos Costa para o Banco de Portugal.
Tal como ontem pude referir – é já uma evidência fortíssima…–, está hoje em curso em Portugal uma campa-nha bem orquestrada no sentido de criar uma imagem de caos e de lamaçal político ao redor do atual Governo de António Costa. Uma campanha que sucede a já iniciada, há um tempo, contra o PCP, ora se dizendo que a sua queda eleitoral se ficou a dever a ter participado na Geringonça, ora garantindo tal nada ter que ver com a referida governação. E isto por concidadãos que já disseram as duas coisas! Vive-se um tempo de vale tudo. Por cá e pelo Mundo.
O tempo político que passa hoje por nós é um tempo de pontas de lança da Direita, infelizmente bem ajudados pela infeliz iniciativa do PS de António Costa ter posto um fim na Geringonça. Como se vê, tal acabou por se transformar em ouro sobre azul para a Direita, claramente apostada em regressar ao poder, sobretudo, depois da terrível congestão que sucedeu a atual maioria absoluta.
Mas se o lançamento do livro de Luís Rosa se constituiu na tal piscina da Direita, de pronto a mesma se irá seguir com a entrevista de Maria João Avilez a… Carlos Costa. E sobre estes acontecimentos, repetidos a um ritmo diário e durante semanas, são já garantidamente previsíveis novas entrevistas a… Carlos Costa. Como usa dizer-se, para a Direita portuguesa Carlos Costa é o que agora está a dar.
De tudo isto, há uma conclusão que pode já retirar-se: sem poder dizer ao que vem – lá estavam Pedro Passos Coelho e Luís Montenegro lado a lado…–, a Direita portuguesa, procurando estruturar a sua unidade com vista ao acesso ao poder, vai deitando mão dos mil e um casos, até casinhos, que pare-cem surgir a terreiro. Uma realidade com que a grande comunicação social parece comprazer-se. Basta recordar, por exemplo, o caso de um míssil russo – ou dois? – que hoje terá atingido território polaco, com os nossos jornalistas a logo colocarem a possibilidade de se acionar o Artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, mas esquecendo o caso do míssil norte-americano que, na Sérvia, atingiu a embaixada da… China. E se este foi logo apontado como um erro casual, já o primeiro, ao menos para imensos dos jornalistas portugueses, foi intencional. Enfim, as coisas são como são.
Por fim, uma notinha das minhas: o PS de António Costa que se cuide, tal como o Bloco de Esquerda, o PCP, o Livre e o PAN, ou a Direita alargada do modo mais conveniente chegará ao poder, pondo um fim em quanto possa cheirar à Revolução de 25 de Abril. Haverá quem ainda duvide, lá para as bandas do PS, ou da Esquerda?
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