“Os Pobres”, poema de Jesús Lizano dito por Carlos d’Abreu
Poemário, rúbrica de Carlos d’Abreu, raiano do Douro Transmontano (1961), Geógrafo (USAL/UC), Arqueólogo (UP/USAL) e Historiador (UPT/USAL), colaborador do Centro de Literatura Portuguesa (UC); investigador, poeta (e diseur), antologista e tradutor; conta com várias publicações nestas áreas.
"Os pobres"
Somos os pobres,
os famintos pobres,
os mutilados pobres,
os pestilentes pobres,
por todas as partes pobres,
os indesejáveis pobres,
os preguiçosos pobres,
os miseráveis pobres,
os estranhos, os irritantes
pobres,
pobres de nascimento,
pobres atirados às ruas,
os andrajosos pobres,
os enfermiços,
os marginalizados,
os exaltados pobres,
os pobres do porto,
os contagiosos pobres,
os cegos, os surdos,
os impotentes pobres,
os ridículos pobres,
carniceiros,
trapeiros,
inclassificáveis pobres,
pobres sobre pobres,
pobres vulgares,
pobres fantasmas,
pobres apátridas,
pobres de ninguém,
pobres de nada,
pobres bem pobres,
os delirantes pobres,
nos bancos dos parques,
indesejáveis,
indignos,
horripilantes pobres,
pobres com pobres,
condenados pobres,
malditos pobres,
tétricos, surrentos,
bófias,
pobres cobertos de pó,
esqueléticos pobres,
cada vez mais pobres.
Vivam os pobres!
Tradução de Carlos d'Abreu
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