Eleições
Esta marcação de eleições teve a seu montante aspetos políticos menos corretos por parte do Presidente: por um lado, a infeliz decisão de receber Paulo Rangel em Belém, e, por outro lado, a pressão – teria sempre de ser assim interpretada, para lá de não ter tido um qualquer resultado útil – sobre PCP, Bloco de Esquerda e Verdes, no sentido de levar os partidos a aprovarem o Orçamento do Estado para 2022.
Finalmente, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa levantou-nos a indeterminação que mais trazia os portugueses atentos e interessados sob alguma expectativa: teremos eleições para deputados à Assembleia da República no dia 30 de janeiro próximo. Enfim, foi uma decisão que não afeta nem desafeta, de algum modo contentando quase todos.
Esta marcação de eleições teve a seu montante aspetos políticos menos corretos por parte do Presidente: por um lado, a infeliz decisão de receber Paulo Rangel em Belém, e, por outro lado, a pressão – teria sempre de ser assim interpretada, para lá de não ter tido um qualquer resultado útil – sobre PCP, Bloco de Esquerda e Verdes, no sentido de levar os partidos a aprovarem o Orçamento do Estado para 2022. Foi, portanto, uma estratégia falhada, dado não ter atingido os seus objetivos.
Para lá disto, o que agora nos expôs o Presidente da República esteve corretíssimo. Objetivamente, para a grande maioria dos portugueses, que tão satisfeitos sempre estiveram com a política global da Geringonça, reprovar esta última proposta de Orçamento do Estado foi uma decisão sem um ínfimo de lógica. E mais: ela colocou o que a Geringonça já tinha conseguido para os portugueses numa situação de perigo, e sem que nada do que justamente se pretendia tenha sido conseguido.
A recente entrevista de Jerónimo de Sousa à RTP 3 mostrou um político de um outro mundo, incapaz de perceber que nem tudo o que é correto e justo pode ser conseguido. Pode ser tudo assim e as pessoas serem injustas ou imprudentes. De resto, basta olhar para o que se passa hoje com as alterações climáticas, para logo nos darmos conta de que, de um modo muito geral, quase não se liga ao problema. É verdade que já se percebeu a sua existência, mas a bola estará, com toda a certeza, bem à frente. Ao procederem como se viu, os partidos da Esquerda voltaram a colocar os portugueses à mercê das políticas do histórico terno Cavaco-Passos-Portas, desta vez sob a batuta do neopassista Paulo Rangel. E tudo isto sem conseguirem nada do que, justamente, pretendiam!
Por fim, uma nota muito breve: foi pena que José Pacheco Pereira não tenha explicitado quais são as tais forças que se situam a montante da candidatura de Paulo Rangel. Temos liberdade, mesmo a mais ampla liberdade, mas continua a faltar-nos ser claros.
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