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Egas Moniz um Homem de Cultura

Egas Moniz viveu 81 anos e estes foram cheios de ação. A sua marca ficou bem vincada tanto como homem de cultura como de político (foi deputado, depois Ministro dos Negócios Estrangeiros e Presidente da delegação portuguesa à Conferência de Paz de Versalhes).

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Ana Albuquerque

Ana de Albuquerque (Editora)

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Egas Moniz foi uma personalidade singular do século XX português. Nasceu em 29 de Novembro de 1874 em Avancas e fez os seus estudos superiores em Coimbra. Aí surge o seu lado mais boémio e de bonne vivant que o acompanhou até ao seu final trágico.

O seu nome foi marcante na primeira república e o seu legado na medicina mundial torna-o admirável e uma referência tanto pela Angiografia como pela Leucotomia e sem esquecer o seu papel de professor. Atualmente surgem novos estudos em torno deste personagem com pujança renovada devido à comemoração dos 70 Anos do Prémio Nobel (1949).

Egas Moniz viveu 81 anos e estes foram cheios de ação. A sua marca ficou bem vincada tanto como homem de cultura como de político (foi deputado, depois Ministro dos Negócios Estrangeiros e Presidente da delegação portuguesa à Conferência de Paz de Versalhes). Citando Abel Salazar “o médico que só sabe de medicina nem de medicina sabe” aplica-se na perfeição a este vulto multifacetado. A sua produção editorial é imensa pois são mais de trezentos títulos por si assinados.

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Mas vamo-nos debruçar sobre Egas Moniz enquanto Homem de Cultura, faceta magistralmente recordada pelo seu Biografo o Prof. Victor Oliveira na obra Egas Moniz legados da sua vida e obra sabe” editada em 2019 pela By the Book.
«Em 1917 publicou uma obra intitulada “ Neurologia na Guerra”. Nele fazia uma resenha dos procedimentos tidos como mais modernos e adequados para tratamento das lesões neurológicas em tal contexto (…) na livro Júlio Diniz e a sua obra prefaciada pelo Professor Ricardo Jorge, com a primeira edição em 1924 e a última em 1946.Ao longo das cerca de 500 páginas da edição (…)o autor disseca a obra sob múltiplos ângulos e, sobretudo, faz a análise psicológica dos seus personagens, a que junta ainda alguns poemas inéditos. Egas Moniz e Júlio Diniz viveram em épocas contíguas. Moniz nasceu três anos após a morte do romancista e ambos passaram parte das suas vidas em povoações vizinhas, já que Avanca, terra-natal de Egas Moniz e Ovar, onde o nosso romancista maior se refugiou debalde para lutar contra a tuberculose, distam poucos quilómetros. Partilharam assim, a mesma paisagem, as suas gentes e os mesmos costumes. Talvez por isso, Egas Moniz alargasse o acrisolado amor que dedicou a Avanca a esta zona vizinha e lhe fosse gratificante rever os personagens de Júlio Diniz que tão pictoricamente descreveu, a ponto de alguns habitantes de Ovar se terem reconhecido nos seus livros. O estilo literário de um romantismo rural, ingénuo, cheio de paz, alegria, bons costumes e sempre com um epílogo feliz, sobrepõe-se perfeitamente aos ideais com que Egas Moniz se identificava e que extravasaram da literatura para a pintura que colecionou.

Finalmente o Magnum Opus uma voluma obra de 630 páginas é Confidências de um Investigador Científico acabada de imprimir em Janeiro de 1949, portanto, antes da atribuição do Prémio Nobel, o que ocorreria em Outubro desse mesmo ano.

Nesta obra dedica-se a relatar, às vezes de modo romanceado, o seu percurso científico que levou a invenção da Angiografia e da Leucotomia, reservando a este último tema cerca de metade do livro. Passa em revista descrições de viagens, contactos com diversas personalidades, homenagens com que foi distinguido, o atentado de que foi vítima, etc.

De carácter totalmente intimista, deixou-nos o volume A Nossa Casa, de 1950 em que recorda os personagens da família, os tempos e cenas que maior emoção lhe causou, sobretudo à volta da sua “Casa do Marinheiro”.». Atualmente um Núcleo Museológico e Biblioteca estão preservados no Hospital de Santa Maria perpetuando assim a obra deste vulto da nossa história.

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Fonte desta notícia: Projecto "Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa", promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa

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