Dourogás e Águas do Tejo produzem gases 100% renováveis a partir de lamas de ETAR
O Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, o Secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, a Secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, e o Presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão, testemunharam ontem o momento que assinala o perpetuar do primeiro projeto em Portugal que ira permitir produzir gases 100% renováveis a partir do biogás produzido por lamas de ETAR.
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A Dourogás Renovável e a Águas do Tejo Atlântico assinalaram o arranque da construção das infraestruturas que permitirão o desenvolvimento dos Projetos de Inovação Hidrogasmove e Solargasmove na Fábrica de Água de Frielas, duas soluções tecnológicas que irão produzir biometano, hidrogénio verde e e-metano – gases 100% renováveis – que serão, posteriormente, injetados na rede de gás natural e utilizados como combustível veicular, promovendo uma mobilidade mais sustentável ao reduzir a emissão de gases com efeito estufa e aumentando a qualidade do ar.
Na sua intervenção, João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, destacou a importância da circularidade de projetos como este, principalmente quando “aplicados ao setor da água onde a escassez é evidente e ao setor da energia onde, quanto mais fontes renováveis tivermos, mais competitivos vamos ser. Esta é a mudança que é necessária fazer: esta perspetiva de não haver resíduos, de termos uma alquimia em que nada sobra, uma economia fundada na racionalidade da suficiência em que tudo conta. Cabe-nos a nós criar condições para que estas iniciativas possam acontecer. Quando geografias diferentes, como são estas do Douro e do Tejo, se encontram em iniciativas como esta sinto de facto um orgulho muito grande. Projetos como estes vão marcar a diferença naquilo que é gerir os territórios, gerir as cidades, naquilo que é contribuir para descarbonizar a sociedade”.
Representando um investimento de 3,6 milhões de euros, financiados em 2,3 milhões de euros pelo FAI – Fundo de Apoio à Inovação, estes dois projetos de demonstração tecnológica de conceito – Hidrogasmove e Solargasmove – representam um verdadeiro exemplo da economia circular, ao transformarem resíduos em recursos energéticos, produzindo energia limpa. O Hidrogasmove recorre a tecnologia pioneira em Portugal para produzir biometano 100% renovável, a partir da purificação do biogás gerado pelas lamas produzidas na Fábrica de Água de Frielas. Já o Solargasmove aposta no processo de metanação para produzir metano sintético, combinando-o com hidrogénio verde (produzido por eletrólise, a partir de fonte solar e de águas residuais).
Com início de operação plena previsto para julho de 2022, a iniciativa resulta de uma parceria entre a Dourogás Renovável, empresa do Grupo Dourogás, e a Águas do Tejo Atlântico, empresa do Grupo Águas de Portugal. Empresas reconhecidas pelas suas preocupações ambientais, Dourogás e Águas do Tejo Atlântico avançam para esta parceria com a ambição de descarbonizar a economia, produzindo combustíveis renovável com benefícios económicos e ambientais evidentes para uma mobilidade mais sustentável, através da utilização de biocombustíveis avançados nos transportes, que permitirão reduzir a emissão de gases com efeito de estufa (GEE) e aumentar a qualidade do ar.
“O Grupo Dourogás está comprometido com a descarbonização da economia nacional e a parceria que assinalamos hoje nesta cerimónia permite-nos dar um passo significativo nesse caminho. Estes projetos são materializam o princípio da inovação ao serviço da utilização plena dos recursos com vista a uma economia circular. A prioridade da inovação que desenvolvemos na Dourogás é assegurar alternativas sustentáveis para a mobilidade do futuro, assente nos gases renováveis e no Hidrogénio, que promovam ganhos ambientais significativos e que, ao mesmo tempo, gerem valor económico para as empresas e para o país. É nossa convicção que os gases renováveis têm um papel determinante a desempenhar na transição energética e estamos comprometidos, como empresa líder neste setor que somos, a produzir soluções que respondam a este desígnio”, afirma Nuno Moreira, Presidente Executivo do Grupo Dourogás.
Alexandra Serra, Presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico, destaca que “é nossa prioridade valorizar os recursos gerados a partir das águas residuais urbanas e esta parceria materializa o novo paradigma da economia circular no ciclo urbano da água. Enquanto referência do setor da água em Portugal, a Águas do Tejo Atlântico, estamos empenhados em preparar as nossas Fábricas de água para transformar a matéria-prima que recebemos – esgotos – em produtos com valor. Do nosso trabalho diário faz parte o desenvolvimento de soluções mais eficientes – nomeadamente ao nível do aproveitamento do biogás, que pode ser utilizado na produção de energia verde – que promovam a circularidade e a sustentabilidade dos recursos com vista ao cumprimento dos objetivos da transição energética para uma economia neutra em carbono”.
Este é um projeto de inovação que, além dos indicadores da produção de gases renováveis, investigará também indicadores de eficiência e da redução de emissões de gases com efeito de estufa e da redução da dependência de combustíveis fosseis. Também a captura de carbono é um dos indicadores em estudo, indo ao encontro do que, recentemente e no âmbito da COP26, se definiu como uma necessidade global: além de reduzir as emissões de carbono é fundamental aumentar a capacidade de captura de carbono, ou seja, além de reduzir o que se emite, é necessário aumentar a capacidade de captura do que se emite.
A transição energética assente na inovação, como a representada por estes dois projetos, é essencial para permitir a introdução, distribuição e consumo de gases renováveis, em particular o biometano e o hidrogénio, nos vários setores da economia, com vista a substituir os combustíveis fósseis e reduzir a dependência energética do país, ao mesmo tempo que se dota o tecido empresarial nacional de competências essenciais para o futuro próximo, tornando-os mais competitivos. Os gases renováveis podem ter um papel significativo no potenciar da descarbonização de setores da economia que atualmente dispõem de poucas opções tecnológicas alternativas e onde a eletrificação, no curto-médio prazo, poderá traduzir-se em custos significativos.
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