D. Nuno Álvares Pereira, o Combatente na Arte
Figura inteligente, hábil e perspicaz que soube defender a nação portuguesa ficando como referência em termos militares em tantos momentos, o Santo Condestável D. Nuno Álvares Pereira é uma personalidade marcante e ímpar da nossa história. Lembramos a Batalha dos Atoleiros ou a Batalha de Aljubarrota, que definiu a independência do reino.
Não nos vamos alongar na biografia deste personagem único da nossa história. Camões refere-se a ele como “o forte Nuno” e este valente guerreiro nasceu a 24 de Junho de 1360 e morreu a 1 de Novembro de 1431. Considerado um dos maiores estrategas da história militar, é o patrono da Infantaria portuguesa e a ele se deve a Técnica do Quadrado e as lendárias batalhas de que falaremos mais adiante. Fidalgo de longa linhagem, de uma retidão moral exigente, queria manter-se casto mas casou aos 16 anos com Leonor Alvim, de quem teve dois filhos. Após a morte de sua mulher, entra para a Ordem Carmelita, tomando o nome de Irmão Nuno de Santa Maria. Curiosamente, é o padroeiro do Corpo Nacional de Escutas e foi canonizado pelo Papa Bento XVI em 2009.
Nessa ocasião, a Conferência Episcopal Portuguesa afirmou: «(…) o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão de melhor humanismo ao serviço do bem comum…»
Antes de focarmos a sua representação na arte, que geograficamente se estende de norte a sul do país, temos de lembrar que ele foi peça crucial na independência do Reino de Portugal, na Crise de 1383-1385.Tanto com a vitória da batalha dos Atoleiros como, mais tarde, na Batalha de Aljubarrota.
Figura inteligente, hábil e perspicaz que soube defender a nação portuguesa ficando como referência em termos militares em tantos momentos, o Santo Condestável D. Nuno Álvares Pereira é uma personalidade marcante e ímpar da nossa história. Lembramos a Batalha dos Atoleiros ou a Batalha de Aljubarrota, que definiu a independência do reino.
Mas debrucemos o olhar sobre a sua representação na arte.Há um património assombroso das representações artísticas sobre o Condestável, assentes nas unidades e órgãos do exército. São tapeçarias, azulejos, esculturas, filatelia, tumulária, toponímia, vitrais, espaços arquitetónicos, que mostram o herói como chefe militar estratega e Comandante. Uma personalidade complexa que faz parte do imaginário luso.
Na escultura, ao longo do território nacional as suas representações como militar ou beato são várias, desde o Arco da Rua Augusta ao Convento do Carmo, à coleção de Leopoldo de Almeida – autor da magnifica estátua equestre de Nuno no átrio do Mosteiro da Batalha, passando pela estátua de Belém, do artista Augusto Cid (2016). Em Porto de Mós, o escultor Paulo Honorato realizou uma impressionante instalação denominada “o momento da ação” (2013). E muitas outras poderíamos citar.
Na azulejaria, comecemos pela Igreja da N. Sra. da Orada, toda forrada com painéis do séc. XVIII, com cenas da Batalha dos Atoleiros. Em Coimbra, no Palácio da Justiça, temos os trabalhos de Jorge Colaço. E não podemos esquecer a Estação de São Bento, no Porto, que é um postal ilustrado da tomada de Ceuta ou da Batalha de Aljubarrota. Mas, mais perto dos nossos tempos, temos o colorido painel do pintor Joaquim Nobre, na Câmara Municipal de Braga (2013). Seguimos para a pintura Mural, onde a Igreja do Santo Condestável tem uma obra esmagadora, da autoria de Portela Júnior e Joaquim Rebocho (1950). Igualmente monumental é o painel de Martins Barata no Tribunal de Fronteira (1965).
Foquemos também a tapeçaria, com um trabalho assombroso do pintor Amândio Silva (tapeçarias de Portalegre 1970) no Palácio da Justiça, em Lisboa.
Nos vitrais não podem ficar no esquecimento os da Capela do Paço Ducal, de Guimarães, tal como os da Igreja Matriz, em Barcelos.
Por último na filatelia, arte que vai de “mão em mão” dando novas daqui e dali, são muitos os selos com a sua representação. A coleção do centenário, que é baseada na 1ª Edição da Chronica do Condestável de 1626 é, sem dúvida, uma obra de arte.
Muito mais referências pode o leitor encontrar no recente livro de Augusto Moutinho Borges, intitulado O Exército e o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, lançado pela editora “By the Book”, que ao longo das suas duzentas páginas ilustra o tema com elegância e sabedoria.
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