Chernobyl
Sempre atento à grande comunicação social, não deixei de comparar estes documentários com o modo quase silencioso como se recordam os bombardeamentos nucleares dos Estados Unidos sobre as cidades de Hiroxima e de Nagasaki
Passou, num dia destes, o 35º aniversário da explosão do reator nuclear de Chernobyl, o que logo fez os nossos canais televisivos surgirem com documentários, uns mais longos que outros, repetidos com alguma intensidade ao longo de um ou dois dias.
Sempre atento à grande comunicação social, não deixei de comparar estes documentários com o modo quase silencioso como se recordam os bombardeamentos nucleares dos Estados Unidos sobre as cidades de Hiroxima e de Nagasaki, longíssimo de serem alvos minimamente importantes no plano militar e já com o Japão num estado de completa penúria, vivendo a antecâmara da assunção de uma derrota militar.
Do mesmo modo, é raríssimo surgir um qualquer documentário alusivo a um aniversário sobre os bombardeamentos dos Aliados às cidades alemãs, talvez até mais mortíferos que os de Hiroxima e Nagasaki. Bombardeamentos exigidos junto de Eisenhower pelo famigerado Harris, que levou quase meio século a ser feito marechal, ao mesmo tempo que o Governo do Reino Unido ainda teve a desvergonha de lhe ter colocado uma estátua, embora numa zona pouco visível, como que tapada por uma árvore alta e frondosa.
O interessante, no meio de tudo isto, é assistir ao modo cúmplice como a grande comunicação social acaba por servir de estrutura de propaganda anticomunista – hoje é anti-russa –, mas esquecendo, quase completamente, os terríveis crimes de guerra praticados pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. Todavia, temos a democracia…
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