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Carlos d’Abreu apresentou dois livros na Feira do Livro de Vila Nova de Foz Côa

A primeira obra trata-se de uma antologia poética bilingue com o título “Bebendo no meu couto privado dentro do teu peito”, da leonesa Inocencia Montes, antologia organizada e traduzida por Carlos d’Abreu e com a co-edição da editorial Carava Ibérica e Monte Riego Ediciones, a habitual editora da Poeta, gerida por Rafael Cabo Riego que apresentou a sua conterrânea.

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O investigador e poeta Carlos d’Abreu apresentou na tarde do passado sábado dois novos livros no âmbito da Feira do Livro de Vila Nova de Foz Côa.

A primeira obra trata-se de uma antologia poética bilingue com o título “Bebendo no meu couto privado dentro do teu peito”, da leonesa Inocencia Montes, antologia organizada e traduzida por Carlos d’Abreu e com a co-edição da editorial Carava Ibérica e Monte Riego Ediciones, a habitual editora da Poeta, gerida por Rafael Cabo Riego que apresentou a sua conterrânea.

O livro foi prologado por Martín Manceñido, presidente da Associação de Amigos de Portugal em Espanha, com sede em León, e tem um epílogo-poema do próprio Carlos d’Abreu, que aqui reproduzimos:

Na impúdica cumplicidade de todos os versos

Não foi inocentemente
que embarquei nesta aventura
navegando mar adentro
em companhia da inocência

Foi antes puro deleite
desde que sorvi
“el amor com muchas letras”
do primeiro poema
através dos interstícios
dos seus versos
– versos preclaros –
onde avistei uma MULHER
de corpo inteiro e esbelto
de alma translúcida
e coração transbordante
que despe com mansidão
a sua natureza silvestre
para quem a souber ler

Ao longo da sua Obra poética
Inocencia Montes
revela ser uma daquelas poetas
que começaram a despontar
na lírica ibérica
e que substituem
com toda a garra
e direito próprio
os líricos travestidos
auto-enxertados
no feminino género
que vinham cantando a MULHER
desconhecendo a sua essência

Hoje
a Inocencia Montes e Outras
da sua estirpe
dão-nos o prazer de contemplar
e concluir que “una mujer desnuda
es un enigma y sempre es una fiesta
descifrarlo” como dizia Mario Benedetti

É certo que quem ama
a poesia da feminina figura
continuará festeiro
tentando esse deciframento
mas agora com a colaboração
directa e pundonorosamente
das irmãs Poetas
mais fácil se torna
mergulhar nos pélagos da sua luz
– “luz que se esparce por el vientre
como por desierto donde sopla calmado viento” –
e vislumbrar a atraente madre-pérola
em cada uma contida.

Bien haiades querida Inocencia por venires conmigo
hasta esta otra geografía de sustrato cultural llïonés

Foram lidos vários poemas do livro, pela autora e pelo tradutor, outros pelo próprio público, intercalados com os acordes da viola e voz do cantautor Carlos Pedro.

O segundo livro apresentado é um novo poemário de Carlos d’Abreu, intitulado “o intenso amarelo da carqueja (amor e erotismo)”, editado no passado verão pela Labirinto Editora, e como o Autor começou por esclarecer, estes dois livros estão juntos aqui porque versam temática similar, ou seja, a poesia erótica, o primeiro escrito no feminino e este no masculino.

Livro que envolve várias pessoas (todas poetas), como é hábito do autor, pois o prólogo é de autoria do maior poeta raiano vivo, o albicastrense António Salvado, que afirma ser o livro onde “Um horizonte de acentuado colorido erótico (de)limita as fronteiras dentro das quais as erecções provocadas por vénus de milo se verticalizam, mediante o recurso insistente a um vocabulário de cariz sexual, com exemplificações substantivas, atributivas, verbais e, até, em valorizações permitidas pelos significantes (ex: biscoito = a dois coitos).”

Antes ainda de se iniciarem os poemas de Carlos d’Abreu, foi apresentado “preliminar” de Pura Salceda, poeta galego-catalã que intitula de “Nus”. E depois dos poemas, uma “anacefaleose” na qual a galega Deborah Vukusic, em forma de carta-poema analisa os versos de Carlos d’Abreu. E epíloga a salmantina Celia Corral Cañas, com o texto que intitula “…no rosado do teu cunnus”

Como se erotismo faltasse, junta ainda o autor três poemas, das amigas, Inocencia Montes, Eugenia Sanmartín e Helena Carvalho

O livro tem 144 páginas de “intenso” erotismo, com ilustrações, como sempre, do Autor dos poemas.

Vários poemas do livro foram declamados, pelo autor e pela poeta leonesa Inocencia Montes, também agora com os interlúdios musicais do cantautor Carlos Pedro.

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