Informativo Digital de Trás-os-Montes e Alto Douro

Ainda na continuação do descanso

Perante a falta de temas de fundo, o nosso jornalismo televisivo lá se vai entretendo a descobrir lugares europeus para o futuro político de António Costa, ao mesmo tempo que se deita a conjeturar

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Cada dia que passa traz-nos mais novidades. Autênticos comboios de ondas noticiosas, que nos vão servindo de entretenimento. Todavia, nuns destes casos a novidade é meramente aparente, e noutros até se poderiam ter intuído, desde que a grande comunicação social se determinasse a não hipertrofiar certos temas, minimizando outros.

O MINISTRO CABRITA
Continua, como seria de esperar por parte de uma grande comunicação social já cabalmente alinhada com a Direita, mesmo extremamente tolerante com a Extrema-Direita, o continuado tiro ao alvo ao Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.

Claro está que só mesmo um papalvo poderá dar crédito às continuadas abordagens de um tema que o não é já. Foram extremamente interessantes, entre mil e uma outras situações similares, as abordagens deste tema colocadas a Pedro Adão e Silva e a Pedro Norton por parte de João Adelino Faria, e colocada a Ana Gomes, neste passado domingo. Em ambos os casos, a mesma abordagem: bom, agora o tema de que todos falam.
Como seria de esperar, nenhum daqueles jornalistas se determinou a abordar o caso Rui Moreira, ou o de tantos outros, não ligados ao PS, dizendo, então, que eram casos de que se fala em barda no seio da nossa comunidade nacional. Simplesmente, nem são os partidos a abordar o caso Cabrita, mas sim os jornalistas, como tão acertadamente referiu, na manhã desta segunda-feira, no Opinião Pública da SIC Notícias, uma espectadora que creio ter falado em último lugar. A verdade é que o caso simplesmente não é falado no dia-a-dia da nossa comunidade.

CONVERSA INÚTIL
Apesar de reconhecer a quase completa inutilidade das intervenções de Ana Gomes, a verdade é que a vou acompanhando aos domingos. Um pouco como com o diálogo, extremamente engraçado, entre Eduardo Marçal Grilo e Luís Nobre Guedes.

Tive já a oportunidade de salientar que Ana Gomes é a nossa concidadã das causas perdidas. Deitou-se a tratar o caso dos submarinos – até tinha a mais cabal razão…–, mas tudo acabou por dar em nada. Também se lançou na tentativa de levantar a indeterminação sobre a passagem por Portugal dos voos de rendição da CIA, mas a verdade é que nada conseguiu. Teve mesmo a ingenuidade de acreditar que, com Obama na Casa Branca, tudo se viria a ver à superfície. Bom, voltou a enganar-se, não percebendo, a uma primeira vista, que, para qualquer presidente dos Estados Unidos, a regra é sempre a do AMERICA FIRST. Surgiu a essencial obra de Alexandre Patrício Gouveia, sobre OS MANDANTES DO ATENTADO DE CA-MARATE, mas o tema passou-lhe ao lado… De tudo isto, tiro esta conclusão: a prática das democracias é de tal ordem, que até Ana Gomes teve o desplante de concorrer ao Presidente da República!
Pode o PS de António Costa estar completamente nas calmas com os seus inimigos partidários, porque com Ana Gomes como sua militante, até os inimigos políticos podem parecer bem melhores. E não deixo de encontrar graça no facto de Pedro Nuno Santos tanto apoiar quem é apoiada por Francisco Assis, e certamente por Maria de Belém. É como mexer e escalfar, simultaneamente, um ovo dos melhores aí da praça.

REMODELAÇÃO
Perante a falta de temas de fundo, o nosso jornalismo televisivo lá se vai entretendo a descobrir lugares europeus para o futuro político de António Costa, ao mesmo tempo que se deita a conjeturar – a conjetura é uma fonte de conhecimento, mas não com a generalidade dos jornalistas que temos – sobre quem irá sair e quem irá entrar na governação. Num ápice, perante a indeterminação amplíssima de tal conjunto de condições, descobre-se que a mudança é certa, só se desconhecendo o quando…

Este está agora a ser o tema mais alimentado pela grande comunicação social televisiva, depois de ter deitado mão do caso Medina e, continuadamente, do caso Cabrita, com o da nomeação de Ana Paula Vitorino lá pelo meio. Enfim, uma baixíssima qualidade do nosso jornalismo, sobretudo o ligado aos nossos canais televisivos. Infelizmente, desconheço a dimensão do visionamento destes programas, mas há dois dados que tomo por certos: por um lado, que os programas não informativos, sobretudo às tardes, devem ter muito maior audiência; e, por outro lado, que a maior parte do descrédito da nossa democracia advém da nefanda ação da nossa grande comunicação social.

A PERGUNTA ESTÚPIDA
Suportada numa informação à base de casos e casinhos, alguns jornalistas questionaram o Primeiro-Ministro António Costa sobre os dias que teve de passar isolado. A resposta, certeira por verdadeira, foi a de que quem assim determina são as autoridades sanitárias. E depois aquele aparente desconjunto com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa! Os nossos jornalistas imaginam a política como um relógio suíço em pleno estado de conservação!
Defender a liberdade de informar para o fazer à base de uma intervenção noticiosa suportada em casos e casinhos, deixa muito a desejar quando depois de deseja defender o jovem Protasevich…

BERARDO
Já todos conhecem o que se tem contado sobre a recente intervenção judicial com Joe Berardo. Custando acreditar que conheça outras línguas para lá do português, do inglês e do africanse, a verdade é que Joe Berardo, se acaso ouvi bem, recebeu 9 condecorações, portuguesas e estrangeiras. E das primeiras pelas decisões dos Presidentes António Ramalho Eanes e Jorge Sampaio. E então? Nada?!

A Justiça dirá de si o que entende sobre Berardo, mas o que falta, ainda hoje, é tudo o resto: documentos históricos, globais e capazes, sobre os casos BPN, BCP, BPP, GES/BES, Marquês, CGD, etc., etc.. Sem ofensa, Joe Berardo era um pequenote da nossa vida social, sendo que ninguém realmente da grande sociedade se viu ser atingido por aquela. Haverá de convir-se que é pouco, mesmo quase nada. Em todo o caso, permite ir alimentando a torrente de casos e casinhos da nossa grande comunicação social.

1300
É verdade, caro leitor, 1300, expresso em quilogramas, é a dimensão de haxixe apreendida, recentemente, no Algarve, pela nossa GNR. Como se dá com enorme frequência, os transportadores do produto não acabaram por ser detidos, como seria desejável.

PCC
Pois, caro leitor, o Partido Comunista Chinês cumpriu, há dias, o seu centésimo aniversário. De um modo que ninguém pode discutir, mesmo os da mais baixa má-fé, é um tempo de vida simplesmente singular. Haverá outros com maior vida, mas 100 anos é simplesmente fenomenal.

Estes 100 anos de vida têm um outro significado, porque um tal tempo só pode justificar-se com uma profunda identificação dos povos da China com o PCC, tendo em conta o que foi o passado do país no século XIX, mormente às mãos dos europeus e dos japoneses, estes durante o segundo conflito mundial.

O PCC, todavia, conseguiu ir-se adaptando às mudanças do mundo, mas sempre criando a defesa da China e promovendo a melhoria segura do bem-estar dos seus povos. Perguntar-se-á: mas está tudo bem, é um paraíso? Claro que não! Mas o que interessa é que tudo melhorou imenso, colocando os povos da China num excelente patamar social – há ainda ricos e pobres, mas em vias de estes deixarem de o ser –, e sendo hoje uma das duas grandes potências económicas do mundo. Olhando a China e comparando-a com as inenarráveis loas que se vão tecendo sobre a União Europeia, a diferença é muitíssimo grande, mas em favor da China, dos seus políticos e dos seus povos.

Com enorme graça – ri mesmo, ao lado de minha mulher –, foi como escutei, de Luís Nobre Guedes, aquela do Governo da China esconder as crianças bipolares, de pronto recordando as que se dizia serem comidas ao pequeno-almoço na União Soviética, ou as dezenas de milhares de carros de combate que, em três dias, a extinta União Soviética conseguiria fazer chegar aos Pirenéus! E o engraçado é que havia quem acreditasse!! Todavia, custa-me a crer que haja que acredite nesta das crianças bipolares a serem escondidas no dia do 100º aniversário do PCC. O que há é o impedimento pela força, militar ou do dinheiro, da entrada dos que pretendem, saídos de um espaço sem futuro, na União Europeia. E basta ouvir Guterres ao redor das vacinas, para logo se perceber o amor cristão do Ocidente para com os países por si explorados por todas as latitudes e longitudes… A Chia e os seus povos também já sofreram os efeitos desta miséria moral da exploração, para ali levada pela Ocidente.

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