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A segunda colonização

Esta máquina de organização da sociedade suporta-se numa exploração inteligente dos recursos naturais, posteriormente transformados, e globalmente transacionados. Todavia, tal máquina só é exímia na produção, porque na distribuição da riqueza criada é completamente avara.

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À medida que se vai desenrolando a grande batalha da Ucrânia, vão continuando a desenvol-ver-se acontecimentos de todo o tipo, mas em que sobressai um crescendo de balbúrdia no mundo, em geral, e mesmo na grande maioria das sociedades nacionais. Talvez o acontecimen-to mais marcante tenha sido o assalto ao Capitólio, ao tempo da passagem do poder de Trump para Biden. De modo que, num dia destes, dei comigo a pensar no que poderá vir a dar-se num futuro que, em minha opinião, começou já o seu caminho.

01 – É hoje cabalmente aceite que o modelo capitalista, depois de ter triunfado sobre o comu-nismo soviético, se constituiu, digamos assim, numa espécie de estuário a que vai desaguar o grande rio da dita democracia.

02 – Esta máquina de organização da sociedade suporta-se numa exploração inteligente dos recursos naturais, posteriormente transformados, e globalmente transacionados. Todavia, tal máquina só é exímia na produção, porque na distribuição da riqueza criada é completamente avara.

03 – Tal máquina assenta na ideia de crescer sempre e sem fim, o que acabou por colocar dois tipos de problemas: a finitude das matérias exploráveis e o limite da alocação dos resíduos assim criados.

04 – Pelo que antes se refere, o próprio Planeta mostra-se já a caminho do seu fim, tal como o conhecemos.

05 – Percebe-se, até com grande facilidade, que os detentores do modelo assim criado e a funcionar nunca serão capazes de parar o andamento deste comboio. Um comboio que, à luz do modelo criado, caminha para uma estação de autoextinção.

06 – Este modelo não é substituível por um outro, se tal tiver que evitar as desgraças que o primeiro comporta. De modo que sobra, apenas, uma variável de decisão: o valor global da população mundial, atualmente em franco e perigosíssimo crescimento.

07 – Sobressai, de toda esta realidade, que a presença de superpotências mundiais poderá não ser possível com mais do que uma. Significa tal que a atual principal superpotência – os Estados Unidos – terá de tudo fazer para impedir o surgimento de outras que lhe sejam concor-rentes.

08 – Dentro de largos limites, quando aqui se fala em Estados Unidos, tal terá de incluir, por igual, o mundo de língua inglesa, mas também os Estados da Europa Ocidental. Um bloco com razoáveis raízes culturais comuns, ligado hoje pela OTAN, com tendência – esta – para se ramificar para o Indo-Pacífico.

09 – Tal bloco dispõe de uma base religiosa ampla, essencialmente cristã, mas também de uma fonte de legitimação (aparente) que é a designada democracia. Realidades que têm de manter-se a qualquer preço, e haja o que houver.

10 – De tudo isto, salta à vista uma resultante – a tal que está já a desenvolver-se: começou já a segunda vaga colonizadora, depois da primeira, iniciada com os Descobrimentos. E os países que voltarão a ser colonizados irão ser, de um modo muito geral, os que já sofreram os males da primeira colonização.

Reside aqui, nas evidências que expus – para mim, claro está – a razão de ser da retoma da unidade ocidental contra a Rússia, ao redor da tal grande batalha da Ucrânia. Uma unidade que não surge nos restantes conflitos internacionais. É por tal realidade ser como aqui se refere, que está já a dar os primeiros passos o novo conflito, desta vez contra a China, que também acabará por suscitar a mesma unidade ocidental. Uma unidade que se constitui na base da segunda colonização, suporte essencial da supremacia gerada no mundo pela primeira.
De um modo sintético: impõe-se salvar o Planeta, manter o sistema capitalista e não gastar mais do que está disponível, embora não para todos, e muito menos por igual.

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