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A Entrevista do Primeiro-Ministro

Depois, António José pautou a sua entrevista por constantes interrupções a meio das respostas do Primeiro-Ministro. Por vezes, reiterava as suas interrupções para referir que pretendia certas respostas, que era o que o Primeiro-Ministro estava a fazer, mas que não iam ao encontro das perceções do entrevistador.

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Na noite de anteontem – segunda-feira, portanto –, teve lugar a entrevista concedida pelo Primeiro-Ministro, António Costa, à RTP, pelo final do telejornal da hora do jantar, e que foi conduzida por António José Teixeira. Uma entrevista com pouco de novo, o que não significa nada de mal, nem de bom, antes dentro do que seria de esperar. Olhemos, então, alguns dos seus aspetos.

Em primeiro lugar, o entrevistador. Bom, esteve dentro do por mim esperado, ou seja, foi bastante mau. Foi assim, no mínimo, porque António José Teixeira em nada ajudou, com esta entrevista, ao esclarecimento dos portugueses, naturalmente em torno do que mais lhes interessa, e que é o facto de Portugal se estar a sair bastante bem e a quase todos os níveis. Os mais atentos, fruto de algumas notícias muito tangenciais, lá se vão dando conta de que a economia do País está bem, tal como a situação do emprego, etc..

Depois, António José pautou a sua entrevista por constantes interrupções a meio das respostas do Primeiro-Ministro. Por vezes, reiterava as suas interrupções para referir que pretendia certas respostas, que era o que o Primeiro-Ministro estava a fazer, mas que não iam ao encontro das perceções do entrevistador.

Por fim, a triste marca da democracia portuguesa, tão cauterizada, precisamente, pela má grande comunicação social que se criou: a centragem de quase toda a entrevista ao redor dos tais casos e casinhos, que pouco ou nada fazem refletir a generalidade dos portugueses. Tenho a maior dificuldade em admitir que os portugueses, na sua generalidade, olhem para estas realidades – casos e casinhos – com um mínimo de interesse e de reprovação, até porque há muito se admite que estas realidades são assim como a Bélarte: estão por toda a parte. Enfim, uma excelente lição sobre como não realizar uma entrevista televisiva.

Em segundo lugar, a prestação do Primeiro-Ministro, António Costa. Foi completamente banal, sem nada de realmente novo, mas por esta razão simples: o importante nunca lhe foi colocado, e nenhum Primeiro-Ministro pode andar por aí a trazer novidades estruturais em dose cavalar. O País está aí, bem, mas com problemas. Problemas que existem sempre, mas que não devem ser resolvidos revolucionariamente, ou seja, destruindo o que se tem para operar supostas reformas estruturais, mas que sempre se saldariam em piores situações para a grande maioria dos portugueses.

E, em terceiro lugar, o fantástico antro de bota-abaixismo das intervenções dos posteriores comentadores. Talvez com o caso deveras singular de Anabela Neves, que costuma ser capaz de manter alguma lucidez e assertividade nas suas análises. Enfim, o lamentável papel da nossa grande comunicação social, muito em particular a televisiva, que tanto tem ajudado ao descrédito da democracia junto dos portugueses. É a tal realidade a que, com uma enorme graça, se costuma designar por comunicação social livre…

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